Editorial

Chance ímpar

A Câmara de Vereadores de Pelotas, através da CPI do Pronto Socorro, tem em suas mãos duas oportunidades ímpares. A primeira é revelar a profundidade do dano causado no âmbito local por algo já bastante conhecido em todos os níveis e em todo o País: as indicações políticas sem nenhum critério técnico claro para cargos de primeira importância.

A segunda é a chance de se discutir profundamente a aberração jurídica do Pronto Socorro, em um contrato com o Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP) do qual não se tem conhecimento de nada parecido no Brasil. O diretor do HUSFP, Márcio Slaviero, já deixou claro que esse formato não é vantajoso para o hospital, e a CPI evidencia o risco que esse formato oferece ao patrimônio público.

O primeiro passo para o aprofundamento dessas questões já foi dado na própria formulação da CPI, que uniu dois vereadores de campos políticos completamente opostos: o presidente Rafael Amaral (PP), de direita, e o relator Jurandir Silva (PSOL), de esquerda. A condução da CPI por ambos mostra um trato republicano e educado que pouco se vê na política brasileira. Além disso, o líder do governo, Marcos Ferreira (UB), cumpre seu papel de forma respeitosa, usando sua experiência para colaborar com a condução da CPI, ao lado dos vereadores da base, que, diferente do que se pode esperar, não demonstraram até aqui qualquer tentativa de obstruir a investigação. Ao mesmo tempo, as vereadoras da esquerda contribuem com perguntas que enriquecem a elucidação dos fatos.

Diante dessa improvável conjunção de fatores, é lamentável que ainda há momentos que se tente fazer da CPI um circo, com bravatas e insinuações descabidas sobre os vereadores e os depoentes em meio a berros e interrupções. Situação corriqueira também no plenário em dias comuns. A grosseria e a falta de trato básico são vergonhosas para todo mundo, mas principalmente para quem se presta a esse papel.

Ainda faltam muitos depoimentos e incontáveis horas de sessão para o fim da CPI. Independente do resultado a que se chegar, a investigação só terá crédito se conseguir manter a seriedade e a condução responsável dos trabalhos. Dando certo a CPI, certamente ganham projeção os agentes políticos que fizerem um bom trabalho, mas o ganho ainda maior será da sociedade de Pelotas.

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